quinta-feira, 5 de março de 2009

Florbela Espanca




Lágrimas ocultas

Se me ponho a cismar em outras eras
em que ri e cantei, em que era q'rida,
Parece-me que foi noutras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...

E a minha triste boca dolorida

Que dantes tinha o rir das Primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!

E fico, pensativa, olhando o vago...

Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...

E as lágrimas que choro, branca e calma,

Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!

2 comentários:

Anônimo disse...

Adoro essa poeta pela beleza dos seus sonetos. Tenho na minha humilde biblioteca, tudo que ela escreveu e está publicado.
Obrigado Marise, por tão acertada escolha.
Cândido

Sandra Lúcia ceccon Perazzo disse...

Nossa, acho que hoje estou aqui alimentando meu coração de amor, beleza e encanto, com som e aroma que elevam a alma.