quinta-feira, 29 de abril de 2010

José Ernesto Ferraresso e Marise Ribeiro

Convido-os a apreciarem o vídeo-arte feito pelo amigo e poeta José Ernesto Ferraresso, embelezando o meu poema Os Sentidos da Alma, a quem agradeço pelo carinho.

Para ouvirem o som do vídeo, não se esqueçam de acionar a pausa na play list do blog.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Tom Jobim e Frank Sinatra

Sempre que puder trarei pra vocês momentos musicais ou cenas do cinema, do teatro e da TV que são inesquecíveis. Vamos curtir este encontro de dois gênios da música: a voz e o compositor.

Olavo Bilac



Delírio

Nua, mas para o amor não cabe o pejo
Na minha a sua boca eu comprimia.
E, em frêmitos carnais, ela dizia:
- Mais abaixo, meu bem, quero o teu beijo!

Na inconsciência bruta do meu desejo
Fremente, a minha boca obedecia,
E os seus seios, tão rígidos mordia,
Fazendo-a arrepiar em doce arpejo.

Em suspiros de gozos infinitos
Disse-me ela, ainda quase em grito:
- Mais abaixo, meu bem! - num frenesi.

No seu ventre pousei a minha boca,
- Mais abaixo, meu bem! - disse ela, louca,
Moralistas, perdoai! Obedeci...

Clarice Lispector e Aracy Balabanian

Das Vantagens de Ser Bobo

O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir e tocar o mundo. O bobo é capaz de ficar sentado quase sem se mexer por duas horas. Se perguntado por que não faz alguma coisa, responde: “Estou fazendo. Estou pensando.”

Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de sair por meio da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a idéia.

O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não vêem. Os espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os vêem como simples pessoas humanas. O bobo ganha utilidade e sabedoria para viver. O bobo nunca parece ter tido vez. No entanto, muitas vezes, o bobo é um Dostoievski.

Há desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um desconhecido para a compra de um ar refrigerado de segunda mão: ele disse que o aparelho era novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea onde é fresco. Vai a boba e compra o aparelho sem vê-lo sequer. Resultado: não funciona. Chamado um técnico, a opinião deste era de que o aparelho estava tão estragado que o conserto seria caríssimo: mais valia comprar outro. Mas, em contrapartida, a vantagem de ser bobo é ter boa-fé, não desconfiar, e portanto estar tranqüilo. Enquanto o esperto não dorme à noite com medo de ser ludibriado. O esperto vence com úlcera no estômago. O bobo não percebe que venceu.

Aviso: não confundir bobos com burros. Desvantagem: pode receber uma punhalada de quem menos espera. É uma das tristezas que o bobo não prevê. César terminou dizendo a célebre frase: “Até tu, Brutus?”

Bobo não reclama. Em compensação, como exclama!

Os bobos, com todas as suas palhaçadas, devem estar todos no céu. Se Cristo tivesse sido esperto não teria morrido na cruz.

O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem passar por bobos. Ser bobo é uma criatividade e, como toda criação, é difícil. Por isso é que os espertos não conseguem passar por bobos. Os espertos ganham dos outros. Em compensação os bobos ganham a vida. Bem-aventurados os bobos porque sabem sem que ninguém desconfie. Aliás não se importam que saibam que eles sabem.

Há lugares que facilitam mais as pessoas serem bobas (não confundir bobo com burro, com tolo, com fútil). Minas Gerais, por exemplo, facilita ser bobo. Ah, quantos perdem por não nascer em Minas!

Bobo é Chagall, que põe vaca no espaço, voando por cima das casas. É quase impossível evitar excesso de amor que o bobo provoca. É que só o bobo é capaz de excesso de amor. E só o amor faz o bobo.

12 de Setembro de 1970

Aprecie o vídeo com a interpretação de Aracy Balabanian, mas não se esqueça de dar pausa na play list musical.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Antonieta Elias Manzieri



Sonho Extinto

Frases desconexas, banais,
tempo que passa fortuito.
Sabes, não volto, não mais!
Não há empenho, intuito...

Virou cinza, está acabado,
hoje, nada faz diferença...
Sem presente, ou passado,
é página virada, descrença.

Quanta tristeza, meu amor!
Parecia um sonho dourado,
mas mudou, perdeu a cor...
Nada restou, morreu calado.

Quero esquecer as horas,
embriagar-me com o mar.
Encantar-me com auroras,
em doce enlevo sob o luar.

1 de abril de 2009
©Antonieta Elias Manzieri
São Pedro (SP) - Brasil

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Jessier Quirino



"Jessier Quirino é arquiteto por profissão, poeta por vocação, matuto por convicção. Apareceu na folhinha no ano de 1954 na cidade de Campina Grande, Paraíba e é filho adotivo de Itabaiana também na Paraíba, onde reside desde 1983.

Estudou em Campina Grande até o ginásio, fez o curso científico em Recife e faculdade de Arquitetura em João Pessoa. Apesar da agenda artística literária sempre requisitada, ainda atua na arquitetura. Na área artística, é autodidata como instrumentista (violão) e fez cursos de desenho artístico e desenho arquitetônico. Na área de literatura, não fez nenhum curso e trabalha a prosa, a métrica e a rima como um mero domador de palavras.

Preenchendo uma lacuna deixada pelos grandes menestréis do pensamento popular nordestino, o poeta Jessier Quirino tem chamado a atenção do público e da crítica, principalmente pela presença de palco, por uma memória extraordinária e pelo varejo das histórias, que vão desde a poesia matuta, impregnada de humor, neologismos, sarcasmo, amor e ódio, até causos, cantorias musicais, piadas e textos de nordestinidade apurada.

Dono de um estilo próprio "domador de palavras" - até discutido em sala de aula - de uma verve apurada e de um extremo preciosismo no manejo da métrica e da rima, o poeta, ao contrário dos repentistas que se apresentam em duplas, mostra-se sozinho feito boi de arado e sabe como prender a atenção do distinto público.

Apesar de muitos considerá-lo um humorista, opta pela denominação de poeta, onde procura mostrar o bom humor e a esperteza do matuto sertanejo, sem, no entanto fugir ao lirismo poético e literário."

Fonte: Wikipedia

Conheça a obra de Jessier Quirino visitando-o em seu site ou apreciando os vídeos abaixo. Alguns vídeos valem mais pela parte sonora. Caso queira acompanhar as letras dos poemas é só clicar aqui.

Poesia
Paisagem de Interior
Zé Qualquer e Chica Boa
Agruras da Lata D’água
Vou-me Embora Pro Passado
Parafuso de Cano de Serrote

Humor (textos e causos)
O Candidato
O Matuto No Cinema
Lelé Garrinha e Narração de Casamento

domingo, 11 de abril de 2010

Susan Andrews - Mensagem



O coração tem razões...
Você se lembra daquela tocante história do livro O Pequeno Príncipe? Bom, existe uma história mais tocante ainda que aconteceu de fato com o criador do Pequeno Príncipe, o escritor francês Antoine de St. Exupéry. Poucas pessoas sabem que ele lutou na Guerra Civil Espanhola, quando foi capturado pelo inimigo e levado ao cárcere para ser executado no dia seguinte. Nervoso, ele procurou em sua bolsa um cigarro, e achou um, mas suas mãos estavam tremendo tanto que ele não podia nem mesmo levá-lo à boca. Procurou fósforos, mas não tinha, porque os soldados haviam tirado todos os fósforos de sua bolsa. Ele olhou então para o carcereiro e disse: "Por favor, usted tiene fósforo?". O carcereiro olhou para ele e chegou perto para acender seu cigarro. Naquela fração de segundo, seus olhos se encontraram, e St. Exupéry sorriu.

Depois ele disse que não sabia por que sorriu, mas pode ser que quando se chega perto de outro ser humano seja difícil não sorrir. Naquele instante, uma chama pulou no espaço entre o coração dos dois homens e gerou um sorriso no rosto do carcereiro também. Ele acendeu o cigarro de St. Exupéry e ficou perto, olhando diretamente em seus olhos, e continuou sorrindo. St. Exupéry também continuou sorrindo para ele, vendo-o agora como pessoa, e não como carcereiro.

Parece que o carcereiro também começou a olhar St. Exupéry como pessoa, porque lhe perguntou: "Você tem filhos?". "Sim", St. Exupéry respondeu, e tirou da bolsa fotos de seus filhos. O carcereiro mostrou fotos de seus filhos também, e contou todos os seus planos e esperanças para o futuro deles. Os olhos de St. Exupéry se encheram de lágrimas quando disse que não tinha mais planos, porque ele jamais os veria de novo. Os olhos do carcereiro se encheram de lágrimas também. E de repente, sem nenhuma palavra, ele abriu a cela e guiou St. Exupéry para fora do cárcere, através das sinuosas ruas, para fora da cidade, e o libertou. Sem nenhuma palavra, o carcereiro deu meia-volta e retornou por onde veio. St. Exupéry disse: "Minha vida foi salva por um sorriso do coração".

Trecho extraído da coluna Sua Vida, de Susan Andrews, publicado na Revista Época. Caso queira ler a matéria completa sobre os benefícios de se sorrir com o coração, é só clicar aqui.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Marilda Conceição



Poeta de Alma e Coração

Não sou máquina de fazer poesias,
nem sou poeta de profissão.
Não escrevo a toda hora
nem todo dia,
poetizo quando surge a inspiração.

Não uso técnica,
nem sigo métrica.
Escrevo por intuição.
Tenho o dom de expressar sentimentos,
que brotam do meu coração.

Não sou poeta literário.
Transbordo sensibilidade e emoção.
Traço os sonhos mais diversos,
vou além do imaginário.
Choro e sorrio em versos
Sou poeta de alma e coração.

© Marilda Ternura
Rio de Janeiro (RJ) – Brasil

Conheça mais poemas de Marilda visitando-a em Marilda Ternura Home Page

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Eliana Ellinger



Tímido Vôo

Dos meus sonhos fui a musa
Meus desejos, meus anseios,
perdidos confusos esteios,
sozinha na multidão.
Uma flor viçosa efêmera
sorvendo com avidez teu orvalho,
de esperança desvairada,
alegria antecipada,
sem saber se na verdade
tu me querias ou não.
Como pássaro cativo
procurando uma saída,
na gaiola construída
com pedaços de ilusão.
Incentivada pela brisa
de tuas inebriantes palavras,
das promessas de teus gestos,
do teu venenoso olhar,
ousei ignorar as grades, alçar vôo...
Que loucura!
Um só tiro bem certeiro,
de uma frase sem mira,
pois desviaste o olhar,
atingiu meu peito em cheio,
matando-me os sonhos, os veios,
tirando dos versos as rimas,
escurecendo o luar.

© Eliana Ellinger

Hazorea - Israel
(In Pedaços de Mim)