quinta-feira, 30 de julho de 2009

Guilherme de Almeida



Nós

Quando as folhas caírem nos caminhos,
ao sentimentalismo do sol poente,
nós dois iremos vagarosamente,
de braços dados, como dois velhinhos,

e que dirá de nós toda essa gente,
quando passarmos mudos e juntinhos?-
"Como se amaram esses coitadinhos!
como ela vai, como ele vai contente!"

E por onde eu passar e tu passares,
hão de seguir-nos todos os olhares
e debruçar-se as flores nos barrancos...

E por nós, na tristeza do sol posto,
hão de falar as rugas do meu rosto
hão de falar os teus cabelos brancos.

Guilherme de Andrade e Almeida
"O Príncipe dos Poetas Brasileiros"
(In Nós – 1917)

2 comentários:

Anônimo disse...

E por onde eu passar e tu passares,
hão de seguir-nos todos os olhares
e debruçar-se as flores nos barrancos...

Nestes versos, a emoção conta ao coração, dos caminhos seguidos, onde o ciclo da vida se mostra nas rugas, nos cabelos nevados, nos passos lentos, e do Amor que rejuvenesce a alma!

Thais "beijaflor"

Sandra Lúcia Ceccon Perazzo disse...

Só mesmo apalaudindo o "Príncipe dos Poetas", pela sensibilidade de seus lindos versos.
Quem sabe, sabe!

Beijos
Sanzinha