domingo, 25 de julho de 2010

World Builder

Um homem constrói um mundo para a mulher que ama, utilizando ferramentas holográficas.
Este premiado filme foi criado pelo cineasta Bruce Branit, conhecido como um dos criadores do filme “405”.

Para apreciar a beleza do filme, não se esqueça de acionar a pausa na playlist musical do blog.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Feliz Dia do Amigo!



Amizade

O amigo é uma bênção que nos cabe cultivar no clima da gratidão.
Quem diz que ama e não procura compreender e nem auxiliar, nem amparar e nem servir, não saiu de si mesmo ao encontro do amor de alguém.
A amizade verdadeira não é cega, mas se enxerga defeitos nos corações amigos, sabe amá-los e entendê-los mesmo assim.
Teremos vencido o egoísmo em nós, quando nos decidirmos ajudar os entes amados a realizarem a felicidade própria, tal qual entendem eles, deva ser a felicidade que procuram, sem cogitar de nossa própria felicidade.
Em geral, pensamos que os nossos amigos pensam como pensamos, no entanto, precisamos reconhecer que os pensamentos deles são criações originais deles próprios.
A ventura real da amizade é o bem dos entes queridos. Assim como espero que os amigos me aceitem como sou, devo de minha parte, aceitá-los como são.
Toda vez que buscamos desacreditar esse ou aquele amigo, depois de havermos trocado convivência e intimidade, estaremos desmoralizando a nós mesmos.
Em qualquer dificuldade com as relações afetivas é preciso lembrar que toda a criatura humana é um ser inteligente em transformação incessante e, por vezes, a mudança das pessoas que amamos não se verifica na direção de nossas próprias escolhas.
Quanto mais amizade você der, mais amizade receberá.
Se Jesus nos recomendou amar os inimigos, imaginemos com que imenso amor nos compete amar aqueles que nos oferecem o coração.

André Luiz – Francisco Cândido Xavier

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Affonso Romano de Sant'Anna



Separação

Desmontar a casa

e o amor.
Despregar os sentimentos
das paredes e lençóis.

Recolher as cortinas
após a tempestade
das conversas.

O amor não resistiu
às balas, pragas, flores
e corpos de intermeio.

Empilhar livros, quadros,
discos e remorsos.
Esperar o infernal
juizo final do desamor.

Vizinhos se assustam de manhã
ante os destroços junto à porta:
- pareciam se amar tanto!

Houve um tempo:
uma casa de campo,
fotos em Veneza,
um tempo em que sorridente
o amor aglutinava festas e jantares.

Amou-se um certo modo de despir-se
de pentear-se.
Amou-se um sorriso e um certo
modo de botar a mesa. Amou-se
um certo modo de amar.

No entanto, o amor bate em retirada
com suas roupas amassadas, tropas de insultos
malas desesperadas, soluços embargados.

Faltou amor no amor?
Gastou-se o amor no amor?
Fartou-se o amor?

No quarto dos filhos
outra derrota à vista:
bonecos e brinquedos pendem
numa colagem de afetos natimortos.

O amor ruiu e tem pressa de ir embora
envergonhado.

Erguerá outra casa, o amor?
Escolherá objetos, morará na praia?
Viajará na neve e na neblina?

Tonto, perplexo, sem rumo
um corpo sai porta afora
com pedaços de passado na cabeça
e um impreciso futuro.
No peito o coração pesa
mais que uma mala de chumbo.

© Affonso Romano de Sant'Anna
Rio de Janeiro (RJ) – Brasil

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Augusta Schimidt


Sinergias

Há um sol
Naquele poente
Resplandecente...
Há fumaça sem voz
Com jeito de amor,
Em voejos de pombas,
Leveza de aceno...
Há um rancho de espera,
Um poço de pranto,
Um olhar de espanto...
Há um rio que é poeta
A sonhar com a paz,
Fecundando sementes
Num leito de solidão.
Há pressa e vagar
Nos seres humanos...
Há sonhos pintados
Nos sonhos da gente,
De repente...

23/02/2010

© Augusta Schimidt
Campinas (SP) - Brasil

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Danuza Leão



Um quintal

Quando uma pessoa começa a melhorar de vida, pensa logo em comprar uma boa casa. E o que é uma boa casa? É preciso um jardim e uma piscina, imaginam os pais. Eles querem para as crianças uma infância saudável, com confortos que nunca tiveram, mas não pensam no principal: um quintal. Um quintal não precisa ser grande, e o chão deve ser de terra batida. Nele deve haver algumas árvores que não pareçam ter sido plantadas, mas sempre existido. Um abacateiro e uma goiabeira, de goiaba vermelha, são fundamentais. No fundo, um galinheiro tosco, com uma porta quebrada, para que as três ou quatro galinhas possam correr quando alguém quiser pegá-las. Nenhum computador levará uma criança ao deslumbramento que ela terá ao encontrar um ovo e segurá-lo, ainda quentinho. É o mistério da vida nas mãos dela, mais absoluto e mais simples do que qualquer livro de filosofia.

Um dia, a cozinheira avisa que vai matar uma galinha para o molho pardo. Os meninos pedem para ver a cena trágica; a mãe não quer, mas a empregada, acostumada, com o facão na mão, facilita. Se a galinha tiver dentro da barriga aquele monte de ovinhos, aí a lição de morte – e de vida – será ainda mais completa. E mais lições serão aprendidas quando alguém sugerir fazer uma peteca com as penas mais duras e algumas palhas de milho. Mas será que alguém sabe do que estou falando?

Voltando: esse quintal deve ser meio abandonado, mas muito limpo; duas vezes por dia a empregada, cantando bem alto, dá uma varrida. É importante também que haja um tanque para lavar o pé de alguma criança quando ela pisar descalça numa porcaria, e um varal com pregadores de roupa de madeira. Nesse lugar, não vai ter horta nem pomar organizado. Em compensação, é bom que exista do outro lado do muro uma enorme mangueira para que se possa praticar o melhor crime do mundo: roubar as frutas do vizinho. Nos fundos de um quintal, deve haver também uma touceira de bananeiras ou bambus e, claro, um adulto dizendo sempre para tomar cuidado, pois ali pode ter uma cobra. Não há infância que se preze sem medo de cobra. Quando as goiabas começam a crescer, fica todo mundo de olho até a primeira delas estar no ponto para ser arrancada e mordida ali mesmo, sem lavar. E que sensação terrível quando se vê o bicho da goiaba se mexendo. Aí, sem que ninguém precise dizer nada, você começa a aprender que a vida é assim: ou se compra uma goiaba bonita, mas sem gosto, ou se espera com paciência ela amadurecer no pé até desfrutar o supremo prazer de dar aquela dentada – com direito a bicho e tudo.

Mas o tempo voa. De repente você se sente só, abre o caderno de telefones e percebe sua pouca afinidade com os nomes que estão lá, que tem vivido uma vida que não tem nada a ver e começa a procurar um sentido para as coisas. Não encontra resposta, claro, mas um dia está no trânsito, vê um terreno baldio, se lembra daquele quintal no qual não pensa há anos e percebe que essa é a lembrança mais importante e mais feliz de sua vida. E passa a olhar o mundo com a superioridade de quem tem um tesouro guardado dentro do peito, mas ninguém sabe.

Este texto, publicado na Revista Claudia, é de grande beleza e somente quem vivenciou aquela época pode afirmar como era gostoso ter um quintal onde brincar, onde exercitar a imaginação e a fantasia, enfim, onde aprender, crescer, amadurecer, assim como as frutas que se colhia naqueles pequenos recantos. Por ter sido criada em uma casa com quintal, há dois anos fiz este singelo soneto e aproveito para reeditá-lo aqui. Ele também pode ser lido no site Cenário de Sentimentos.

No Tempo dos Quintais

A saudade me leva pro passado
E, no fechar dos olhos... tal e qual,
Vejo a minha casinha e seu quintal
Como se fora um sonho bem sonhado.

O galinheiro sendo derrubado...
No lugar, um telhado com beiral...
Não mais teria o canto matinal
Do galo a uma panela condenado.

Outros bichos moraram lá depois:
Uma bela jandaia e cães, só dois...
A jandaia fugiu, cães não há mais...

Sem gritos e latidos de animais,
O som que vem e ecoa de emoção
É o pranto do saudoso coração...

15/02/08
Marise Ribeiro (RJ) - Brasil

domingo, 4 de julho de 2010

Gilka Machado


Gilka Machado – Desenho em lápis de cera de Amaury Menezes (neto da escritora)

“Sonhei em ser útil à humanidade. Não consegui, mas fiz versos. Estou convicta de que a poesia é tão indispensável à existência como a água, o ar, a luz, a crença, o pão e o amor" – Gilka Machado

"A forma ousada dos seus versos, de um ritmo livre e bastante pessoal, harmoniza-se com a liberdade de inspiração, onde predomina um forte sensualismo, tão forte que Humberto de Campos notava-lhe nos poemas verdadeiras 'tempestades de carne'... Seus livros provocavam, simultaneamente, admiração e escândalo, já que a poetisa confessava sentir pelos no vento', desejava penetrar o amado 'pelo olfato, assim como as espiras/invisíveis do aroma...' e declarava, sem rebuços: 'Eu sinto que nasci para o pecado'."
Góes, Fernando [1960]. Gilka da Costa Melo Machado. In: Panorama da poesia brasileira: o pré-modernismo. p.165.


Analogia

“Sempre que o frio chega o meu pesar sorri,
pois te adoro no Inverno e adoro o Inverno em ti...”

Amo o Inverno assim triste, assim sombrio,
lembrando alguém que já não sabe amar;
e sempre, quando o sinto e quando o espio,
julgo-te eterizado, esparso no ar.

Afoita, a alma do Inverno desafio,
para inda te querer e te pensar…
para gozá-lo e gozar-te, que arrepio!…
que semelhança em ambos singular!…

Loucura pertinaz do meu anelo:
— emprestar-te, emprestar-lhe uma emoção,
— pelo mal de perder-te querer tê-lo…

Amor! Inverno! Minha aspiração!
quem me dera resfriar-me no teu gelo!
quem me dera aquecer-te em meu Verão!…

(In Mulher Nua – 1922)

Poema de Amor
(Versos Antigos)

Na plena solidão de um amplo descampado
penso em ti e que tu pensas em mim suponho;
tenho toda a feição de um arbusto isolado,
abstrato o olhar, entregue à delícia de um sonho.

O vento, sob o céu de brumas carregado,
passa, ora langoroso, ora forte, medonho!
e tanto penso em ti, ó meu ausente amado,
que te sinto no vento e a ele, feliz, me exponho!

Com carícias brutas e com carícias mansas,
cuido que tu me vens, julgo-me apenas tua,
— sou árvore a oscilar, meus cabelos são franças.

E não podes saber do meu gozo violento
quando me fico, assim, neste ermo, toda nua,
completamente exposta à volúpia do vento!

No livro “Estados de Alma”, de 1917, Gilka Machado denominou “Poemas de Amor (Versos Antigos)” a uma série de poemas que podem ser divulgados isoladamente. Ao longo do tempo, estes poemas foram recebendo títulos diferentes e podem ser encontrados virtualmente com os seguintes títulos: O Vento, A Volúpia do Vento e Particularidade.

"Se é intensiva a experiência de Gilka Machado, como poetisa e mulher reivindicadora, há outras barreiras a vencer entre a militância poética e a militância doméstica. Havia uma distância, na sua época, entre o campo da sacralidade da arte e certos aspectos da vida rotineira, que o simbolismo intensifica, o modernismo desenvolve e autoras mais contemporâneas, como Adélia Prado, consumam."

Gotlib, Nádia Battella [1982]. Com dona Gilka Machado, Eros pede a palavra: poesia erótica feminina brasileira nos inícios do século XX. Polímica: Revista de Crítica e Criação. p.46-47.


Ser Mulher ...

Ser mulher, vir à luz trazendo a alma talhada
para os gozos da vida; a liberdade e o amor;
tentar da glória a etérea e altívola escalada,
na eterna aspiração de um sonho superior...

Ser mulher, desejar outra alma pura e alada
para poder, com ela, o infinito transpor;
sentir a vida triste, insípida, isolada,
buscar um companheiro e encontrar um senhor...

Ser mulher, calcular todo o infinito curto
para a larga expansão do desejado surto,
no ascenso espiritual aos perfeitos ideais...

Ser mulher, e, oh! atroz, tantálica tristeza!
ficar na vida qual uma águia inerte, presa
nos pesados grilhões dos preceitos sociais!

(In Cristais Partidos – 1915)

Naldo Velho



A Linguagem das Sombras

Ando aprendendo a linguagem das sombras.
Não das que causam arrepio,
mas das que evidenciam contornos
num plano pleno de luz que absorvo.

Outro dia consegui ler um rochedo
com toda sua história ali preservada...
Só agora entender eu consigo,
a aspereza que trago comigo.

Ando aprendendo a exercer sutilezas
só assim poderei caminhar pelas sombras,
não aquelas que nos provocam o medo,
mas as que nos vivenciam os rochedos.

Outro dia consegui desvendar um enredo
com todos os seus numerosos segredos,
quantos e preciosos caminhos,
emaranhados de muitos destinos.

Ando exercendo a palavra delicadeza,
poemas semeados sem pressa.
Qualquer dia desses vou adormecer riacho,
acordar corredeira, morrer em seus braços,
renascer em você.

Ando aprendendo a exercer existências.

© Naldovelho
Niterói (RJ) – Brasil

Seu nome, Ronaldo Buonincontro, mas todos o conhecem como Naldo Velho, poeta e músico. Desde que um poema de Naldo chegou a mim, enviado por Rivkah Cohen, tornei-me admiradora de sua escrita. Posteriormente, passei a conviver com sua brilhante inspiração nos grupos de poesia. Apreciem a riqueza poética de Naldo Velho visitando-o em Naldo Velho – Oficina de Trabalho.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Marise Ribeiro - Copa 2010



De Quem é a Culpa?

Brasileiro tem sempre a mania de escolher culpados, quando seus intentos dão insucesso e, se o assunto então for futebol, aí o bicho pega.

Na derrota há pouco de nossa seleção, o brasileiro culpará o Dunga, porque convocou jogadores de baixa qualidade técnica, encheu o time de volantes, deixou de convocar Ganso e Neymar, deu ataques nervosos e descambou impropérios contra a poderosa Globo, não tem experiência pra ser técnico, e por aí vai...

Se salvar a cara do Dunga, culpará o Lula dizendo que o Presidente é um grande pé- frio, que a seleção não deveria ter se despedido dele antes de embarcar, que seu histórico de visitas a outros eventos deu azar, etc.

O Brasil jogou de uniforme azul, o segundo uniforme, isso também não foi bom, as "estatísticas" mostram que sempre fomos melhores com a amarelinha, afinal somos a seleção canarinho.

Culparão Mick Jagger, o “Ice Jagger”, porque jamais viu uma vitória de time para o qual estivesse torcendo e, hoje, com seu filho brasileiro, torcia pra gente.

Ah, sim, tem o juiz, que também sempre é o culpado, afinal truncou o jogo, caiu nas manhas do adversário, não expulsou nenhum jogador holandês em faltas praticadas.

Eu ficaria aqui enumerando uma série de motivos, para justificar nossa derrota, mas há uma só: a seleção holandesa foi superior, porque teve sangue-frio. Já os pentacampeões...

www.mariseribeiro.com