
A Cerca
Pobre cerca de tábuas despencadas,
Eu sei por que tu choras, companheira...
Os anos pesam mais do que as ramadas
Ou galhos da rosada trepadeira!
E sempre que chegavam as floradas,
Teu corpo era engolido e, altaneira,
Tão repleta de flores tu ficavas,
Beijando a rama terna e tão faceira!
Tens hoje a alma triste e já sem sonho.
Dor de saudade é ramo assaz medonho
Que agora se debruça sobre ti!
Não te sintas assim injustiçada,
Nem me ralhes, pois eu não sou culpada;
Repare! - Eu também envelheci!
Irani Genaro
Sorocaba (SP) - Brasil
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