segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Rio de Janeiro


Não poderia faltar no Scenarium os cenários urbanos que me encantam, por isso começo homenageando a minha cidade, um cenário de encantos e desencantos como cantei em minha poesia “Rio de Janeiro”.

O destaque do vídeo é ver a paulista Rita Lee louvando as belezas da Cidade Maravilhosa, cantando Valsa de Uma Cidade. Para apreciá-lo melhor, acione a pausa da play list no layout lateral.

Você poderá apreciar também mais três vídeos de encher os olhos e encantar a alma:

Tom Jobim e Miúcha – Samba do Avião

Rio de Janeiro e Niterói, sob o olhar do fotógrafo Ricardo Zerrenner. Música: Chega de Saudade (Tom e Vinícius), na voz de Luciana Souza. Composição: helolima

Rio Antigo - uma homenagem saudosista do cearense Chico Anysio, na voz de Alcione

Completando a homenagem ao Rio, escolhi um poema do mineiro Drummond, que amou esta cidade mais do que muitos cariocas.

Canto do Rio em Sol
(Carlos Drummond de Andrade)

I

Guanabara, seio, braço
de a-mar:
em teu nome, a sigla rara
dos tempos do verbo mar.

Os que te amamos sentimos
e não sabemos cantar
o que é sombra do Silvestre
sol da Urca
dengue flamingo
mitos da Tijuca de Alencar.

Guanabara, saia clara
estufando em redondel:
que é carne, que é terra e alísio
em teu crisol?

Nunca vi terra tão gente
nem gente tão florival.
Teu frêmito é teu encanto
(sem decreto) capital.
Agora, que te fitamos
nos olhos,
e que neles pressentimos
o ser telúrico, essencial,
agora sim és Estado
de graça, condado real.

II

Rio, nome sussurrante,
Rio que te vais passando
a mar de estórias e sonhos
e em teu constante janeiro
corres pela nossa vida
como sangue, como seiva
-- não são imagens exangues
como perfume na fronha
... como pupila do gato
risca o topázio no escuro.
Rio-tato-
-vista-gosto-risco-vertigem
Rio-antúrio

Rio das quatro lagoas
de quatro túneis irmãos
Rio em ã
Maracanã
Sacopenapã
Rio em ol em amba em umba sobretudo em inho
de amorzinho
benzinho
dá-se um jeitinho
do saxofone de Pixinguinha chamando pela Velha Guarda
como quem do alto do Morro Cara de Cão
chama pelos tamoios errantes em suas pirogas
Rio, milhão de coisas
luminosardentissuavimariposas:
como te explicar à luz da Constituição?

III

Irajá Pavuna Ilha do Gato
-- emudeceram as aldeias gentílicas?
A Festa das Canoas dispersou-se?
Junto ao Paço já não se ouve o sino de São José
pastoreando os fiéis da várzea?
Soou o toque do Aragão sobre a cidade?

Não não não não não não não
Rio, mágico, dás uma cabriola,
teu desenho no ar é nítido como os primeiros grafismos,
teu acordar, um feixe de zínias na correnteza esperta do tempo
o tempo que humaniza e jovializa as cidades.
Rio novo a cada menino que nasce
a cada casamento
a cada namorado
que te descobre enquanto rio-rindo.
assistes ao pobre fluir dos homens e de suas glórias pré-fabricadas.

"Nova Reunião", José Olympio Editora - Rio de Janeiro, 1985.

2 comentários:

Nalu disse...

Olá Marise, vim agradecer sua doce presença em meu cantinho.
OBRIGADA DE CORAÇÃO

Bjs mil.

Sandra Lúcia Ceccon Perazzo disse...

Tudo, absolutamente lindo, Marise. Os vídeos, o poema de Drummond e as suas palavras.
Sua cidade é de fato a Cidade Maravilhosa, mesmo com os seus encantos e desencantos, não poderia jamais faltar no Scenarium.
Com carinho
Beijos
Sanzinha