segunda-feira, 27 de abril de 2009

Zena Maciel



Cansei... cansei...

Cansei de enxugar as frias

lágrimas da dor.
De rezar no sagrado terço do amor
e não desvendar seus indecifráveis mistérios.
Cansei de seduzir a amante ilusão
para que, nos braços da esperança,
acalentasse os ingênuos sonhos.
Cansei de escutar os soluços do coração
na alcova da solidão e me sentir
uma eterna refém da saudade.
Cansei de ver o pêndulo do relógio do tempo
não mudar de lugar
e seguir pelos abstratos dias.
Cansei dos suspiros da poesia,
dos seus beijos molhados de fantasias
lambuzados pelo mel dos desejos.
Cansei da prostituída realidade,
que com os olhos da maldade,
me conduziu a tantos secretos labirintos.
Cansei de ser escrava de um passado ateu
e de um presente que já não é meu.
Cansei de tudo... de tudo...
Do princípio... do meio
e da incógnita do fim.

Eu sei que vida é mesmo assim:
como uma cópula.
Algumas vezes boa e
em outras, simplesmentemuito ruim.
Não tenha pena de mim.
Eu já me acostumei
a viver assim: cansada.

© Zena Maciel

Recife (PE) – Brasil
2008

2 comentários:

Eliane Couto Triska disse...

Marise! Zena convidou-me, e seu pedido é uma ordem, a qual obedeço sorrindo. Não me *Cansei*, de estar aqui, tal é a beleza deste blog. Estrelas maiúsculas, no céu da poesia. Muito lindo!!! Beijos Marise, e Zena. Eliane

Sandra Lúcia Ceccon Perazzo disse...

Zena querida, que o seu cansaço seja sempre esse, que traz beleza e riqueza para o mundo da Poesia, mesmo que ele fale da tristeza...
Você sabe o quanto adoro ler tudo que escreve e fico imaginando o quanto foi difícil para Marise escolher um poema seu. Mas Marise como sempre foi feliz na escolha.
Parabéns a vocês duas, amigas queridas e obrigada pela beleza desse momento.
Beijos carinhosos
Sanzinha