sábado, 20 de março de 2010

Cecília Meireles



Cantiga Outonal

Outono. As árvores pensando...
Tristezas mórbidas no mar...
O vento passa, brando... brando...
E sinto medo, susto, quando
escuto o vento assim passar...

Outono. Eu tenho a alma coberta
de folhas mortas, em que o luar
chora, alta noite, na deserta
quietude triste da hora incerta
que cai do tempo, devagar...

Outono. E quando o vento agita,
agita os galhos negros, no ar,
minha alma sofre e põe-se aflita,
na inconsolável, na infinita
pena de ter de se esfolhar...

(In Palavras e Pétalas)

Um comentário:

Rita Maria disse...

Cecília Meireles, a minha mais maravilhosa poetisa... Cecília reinará eternamente sobre o mundo mágico da arte como a mais bela representante desse mundo imensamente sem limites!

Cecília, nunca teve começo e jamais terá fim!

Se eu continuar eu começo a chorar... rsrs

Beijo,

Rita.