terça-feira, 14 de abril de 2009

Pablo Picasso - Guernica



Guernica e uma tragédia nova

- Por favor, señor...

A guarda do museu se aproxima rapidamente e ordena que eu me levante do chão. Na grande sala branca que guarda o gigantesco painel não há cadeiras ou bancos – não é permitido sentar-se em frente à Guernica. Exige-se do espectador que se poste de pé, em silêncio respeitoso ao quadro pintado para o pavilhão espanhol da exposição internacional de Paris do ano 37 do século passado, quando Picasso estava sob o impacto da notícia do massacre de civis na pequena cidade basca de Guernica pelos aviões da Legião Condor, força aérea alemã na Espanha sob o comando direto do General Franco. Uma tonelada e trezentos quilos de bombas incendiaram a cidade, deixando mais de mil e seiscentos mortos.

Tanto já se escreveu sobre o quadro que é difícil não deixar que suas inúmeras leituras eclipsem a obra em si. Tenho uma ponta de inveja do grupo de crianças de seis anos de idade que escuta da professora a seguinte apresentação: “Esse é o quadro mais importante do museu. O senhor que o pintou se chamava Picasso e o quadro se chama Guernica. Vamos ficar aqui um pouquinho vendo o quadro e já vamos embora.” Depois do introdutório, ficam sentados, cochichando entre si, e eu pagaria tudo o que tenho no bolso para ter o olhar deles sobre o que vêem.

Os setenta e dois anos que nos separam da obra e da Guerra Civil Espanhola guardam uma guerra mundial e dúzias de genocídios. No entanto, algo nesse quadro me faz pensar que a arte contemporânea possa ter perdido a capacidade de traduzir a tragédia e o horror da guerra.

Guernica é um quadro que grita, monumento onde as lágrimas são flechas que os arregalados olhos cospem – e com essas setas Picasso traça a geometria irregular e monstruosa da tragédia humana em escala industrial como nenhum outro fez, antes ou depois. Guernica é uma obra atemporal, vestígio de um mundo onde a violência ainda não havia se convertido em banalidade ou simplesmente abstração.

Para ver-se Guernica é preciso passar bolsas e casacos por uma máquina de raio-x, sintoma da doença do nosso século. O quadro está no museu Reina Sofia, em Madrid, a duas centenas de metros da estação de trem de Atocha, onde em 2004 um atentado da Al Qaeda matou 191 pessoas. Guernica, o quadro que grita, fala também dessa tragédia, e sobrevive porque fala melhor do que qualquer obra que veio depois dele.

E o faz também porque o Picasso que pinta Guernica é um homem chocado. Com cinismo costurado aos olhos, os artistas que hoje vivem parecem incapazes de atingir a mesma contundência em traduzir a desgraça do nosso tempo.

E isso é outra tragédia - e isso é uma tragédia nova.

3 comentários:

Sandra Lúcia Ceccon Perazzo disse...

Marise menina, aqui estou emocionada não só pela sua escolha,das obras de Picasso, mas também por estar aqui o link da escola, que fica em frente a minha casa, Rainha da Paz, onde estuda o meu filho-neto Matheus.
Obrigada sempre querida amiga!
Beijos carinhosos
Sanzinha

Anônimo disse...

Prezada Marise, apesar do emocionante testemunho, esta obra é polêmica. A obra teve como título provisório " La Muerte del Torero Joselito". Joselito era amigo de Picasso e morreu numa lídia, portanto, o quadro foi feito em homenagem ao amigo Joselito. Foi pintado em Paris, portanto longe de qualquer fato da Espanha da época.
O próprio bombardeio de Guernica foi uma fraude. Em janeiro de 1973,e com o título "The Great Guernica Fraud", o professor Jeffrey Hart do Dartmouth College, publicou no National Review um estudo onde sustenta a tese de que bombardeio de Guernica não ocorreu. O artigo foi reimpresso nos jornais "Die Welt" e "Il Tempo". No último teve o título: "Revelações sensacionais destroem um Mito".
O longo crepúsculo da Espanha começou após a morte de Felipe II. Dois séculos depois, a invasão napoleônica instilou no povo espanhol o vírus do liberalismo e deste nasceram o comunismo e o anarquismo.
Os diques da resistência romperam-se em 1931. Nas eleições desse ano, os republicanos obtiveram maioria nos conselhos das grandes cidades embora, no total, tivessem obtido apenas 5875 conselheiros municipais contra 22150 monarquistas. Apesar dessa vitória, o rei Afonso XIII deserdou, renunciando ao trono.
Proclamou-se a república e o novo ministério era composto de maçons, socialistas, ateus e dois católicos complacentes para dar ao governo um ar cristão e democrático. Para aquilatar o que era esse governo basta citar o ministro Alejandro Lerroux, do Partido Radical: "Jovens bárbaros de hoje! Invade e saqueai a decadente civilização desta nação infeliz! Destrui seus templos, liquidai-lhe os deuses, rasgai os véus de suas noviças e elevai- as à condição de mães! Lutai, matai, morrei! "
O ódio comunista foi crescendo. Nos quatro meses que precederam a guerra civil houve 160 igrejas incendiadas, 270 assassinatos, 345 greves, 10 jornais empastelados.
A guerra civil começou com o caráter de cruzada. Na zona ocupada pelos comunistas e anarquistas correu abundante o sangue dos mártires. Sangue que fez mais para a salvação da Espanha do que as armas.
"Em tempo algum no curso da história da Europa, Talvez mesmo de todo o mundo, viu-se um ódio tão apaixonado à religião e suas obras", são palavras de Hugh Thomas, insuspeito autor da obra A guerra civil espanhola (Ed. Civilização Brasileira, 2vol. 1964).
Cinqüenta anos se passaram e com eles muita coisa se esqueceu. Novos crimes, novos ultrajes, novos martírios e sacrilégios praticaram os comunistas em muitas outras terras. Faltava ainda um crime: o da dissimulação. É o seu crime de hoje. E muitos enganados pelas táticas marxistas, afirmam que é preciso dialogar com os que negam toda verdade, todo direito e toda justiça. Hoje os assassinos se apresentam como interlocutores pacíficos, honestos, bem intencionados. Propõe diálogos e acordos.É a hora de Iscariotes e de Caim. É hora do Príncipe deste mundo. Era noite na Espanha.
Saudações,
Pedro Afonso
pabalmeida@hotmail.com

Anônimo disse...

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