terça-feira, 14 de abril de 2009

Carlos Drummond de Andrade



Amor e Seu Tempo

Amor é privilégio de maduros
estendidos na mais estreita cama,
que se torna a mais larga e mais relvosa,
roçando, em cada poro, o céu do corpo.

É isto, amor: o ganho não previsto,
o prêmio subterrâneo e coruscante,
leitura de relâmpago cifrado,
que, decifrado, nada mais existe

valendo a pena e o preço do terrestre,
salvo o minuto de ouro no relógio
minúsculo, vibrando no crepúsculo.

Amor é o que se aprende no limite,
depois de se arquivar toda a ciência
herdada, ouvida. Amor começa tarde.

© Carlos Drummond de Andrade
http://www.memoriaviva.com.br/drummond/

Um comentário:

Sandra Lúcia Ceccon Perazzo disse...

Marise do céu, que lindo esse poema de Carlos Drumond de Andrade.
Confesso que esse eu não conhecia.
Belo, muito belo!
Beijos carinhosos
Sanzinha